terça-feira, 11 de setembro de 2012

39º Mundo Cão – Eleições: uma Questão da Pobreza e não da Nobreza


No Brasil, quem decide eleição não é a classe média ou as classe mais esclarecidas e interessadas na política vigente em sua sociedade, mas a favela, a periferia ou o subúrbio onde encontram-se os eleitores menos envolvidos e mais propensos a mudar seu voto em nome de um beija-flor ou de uma onça. Isso mesmo! Não se engane se por acaso aparecer na timeline do seu Twitter ou Facebook um ranking com os candidatos preferidos pelos eleitores.

As pesquisas eleitorais e essas enquetes promovidas nas redes sociais não entram nas favelas, nos conjuntos residenciais mais pobres e com os índices de violência e baixa educação nas alturas. Elas costumam coletar a opinião daquelas pessoas que vão aos shoppings centers mais nobres da cidade, as que frequentam as zonas comerciais ou as que estão nas paradas de ônibus das escolas e faculdades, NUNCA, porém, das zonas mais pobres.

Em Natal, aproximadamente 400 mil residentes são eleitores, sendo que 50% destes, ou seja, lá 200 mil, estão nas zonas mais carentes. Falo dos bairros da zona oeste e da zona norte (esta, por sua vez, concentra 1/3 de toda a população da cidade), dos loteamentos, das áreas invadidas, do Passo da Pátria ou do Maruim... Sim! Por mais excluídos que possam parecer, um espaço amostral de 200 mil eleitores decide uma eleição ainda no primeiro turno, ainda que assessores e estatísticos insistam em afirmar (acreditar, cegamente) (n)o contrário.

Vejamos: a ultima enquete promovida no Facebook, sobre a corrida eleitoral para prefeito da capital potiguar, aponta o candidato Prof. Robério, do PSOL, na liderança, enquanto que os outros candidatos, se somadas as suas amostras, amargam um pouco menos do total do número de votos acumulados por este candidato. Isto condiz com a realidade ou até os mais céticos não abrem os próprios olhos por mera opinião?

Gente das favelas e das periferias acessam à Internet, tem conta no Facebook, no Orkut, no Twitter e também perde, da mesma forma como fazem os mais soberbos das classes média e alta, seu tempo manipulando a barra de rolagem do seu browser para navegar na vasta timeline desses sites de relacionamento. A diferença, contudo, está no conteúdo do interesse dela - e temas políticos e sociais não estão nos seus mais pautados.

Eis o “Q” da questão! Estas pessoas, justamente elas, são quem definem uma eleição; seu poder de escolha e de definição tem que ser considerado e merece total atenção. A classe média anda de carro, no seu próprio veículo particular, e é a que mais tem sofrido com essa buraqueira toda promovida pela gestão do Partido Verde em Natal; pneus rasgados, amortecedores estourados, suspensão quebrada e o próprio bolso vitimado não somente pelas altas cobranças tributárias incidentes no IPVA do seu veículo, mas, pela gasolina quase impraticável de tão cara.

O pobre da periferia anda de ônibus, de transporte alternativo e até de trem e está nem aí para o quanto se gasta com a manutenção desses veículos. Eles não têm com o que gastar, em virtude das buraqueiras ou dos alagamentos, logo, não têm do que reclamar... E, enquanto isto, as pesquisas eleitorais insistem em considerar que este incômodo faz-se presente na vida dessas pessoas da mesma forma como deturpa a paz dos maiores pagadores de impostos do país (os donos de carro).

Nas ultima eleição, para governador estadual, deparamo-nos com duas surpresas: o candidato Carlos Eduardo, que liderava as pesquisas com mais de 60% das intenções de voto, amargou 12% em um pleito decidido ainda no primeiro turno, com Rosalba eleita com quase 70% dos votos, antes, amargando a casa dos 7% nas mesmas pesquisas. A propósito, falar do Romário e do Tiririca já diz muita coisa, né? Pois é! O que todos eles têm em comum é o perfil do seu eleitorado: gente da periferia, que não se interessa por política, que acessa a Internet da mesma forma como o restante da sociedade e que o é tão ignorada pelos institutos de pesquisa quanto à sua decência nos hospitais públicos ou nas escolas.

Pois é! Foi-se o tempo em que gente rica e bem esclarecida era quem ditavam as ordens...

Por: Andesson Amaro Cavalcanti

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