sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Professor alega inocência em caso de ônibus incendiado

Truculência, tortura e ameaças. É com essas palavras que o professor Felipe Serrano, 26 anos, descreve os momentos que sofrera quando foi preso na última terça-feira, acusado de ter ateado fogo a um ônibus na Avenida Bernardo Vieira durante o protesto pela volta do Passe Livre. Ele alega não ter participado do incêndio ao transporte público. Na sua opinião, os policiais o deteram por preconceito, por ele ser tatuado e porte físico forte. “Pegaram-me como bode espiatório”.

Professor de história em uma escola pública, Felipe Serrano conta ter saído do trabalho na noite da terça-feira em direção ao foco do movimento “Revolta do Busão”, na BR 101. Porém, ele afirma ter pego somente o final da manifestação. “Quando cheguei, já estavam se dispersando”. Em seguida, ele foi para sua casa, no bairro de Barro Vermelho. 

Em sua residência, o professor diz ter recebido uma ligação de um amigo, pedindo que fosse pegá-lo nas proximidades do Midway Mall, pois os ônibus tinham diminuído a frota. Ao chegar nos arredores do shopping, notou que o trânsito estava sendo desviado e estacionou em uma das ruas paralelas à Av. Bernardo Vieira, perto da Universidade Potiguar (UnP). Quando chegava próximo ao shopping, viu que o ônibus já tinha sido incendiado e que a polícia estava tentando conter os manifestantes. “As chamas ainda estavam começando a se propagar. Os policiais passaram a reprimir os manifestantes e todo mundo entrou em pânico e saiu correndo. Eu também corri dali”, relata.

Buscando chegar em casa a pé, após ter fugido do tumulto na Av. Bernardo Vieira sem seu carro, Felipe Serrano caminhava pela Rua São José quando foi abordado por uma viatura da Polícia. Do veículo teriam descido três policiais que o professor afirma terem agido de forma brutal. “Um deles disse: é você mesmo, bombado. É você, grandão, que eu quero pegar. Então passaram a me agredir”. O professor diz que teve dois dedos fraturados com um golpe de bastão, além de ter sido atacado com spray de pimenta no rosto, mesmo algemado. Ele afirma ainda ter recebido ameaças dos policiais. “Eles disseram para eu ter cuidado, pois a família é grande. Se isso não for uma ameaça, não sei mais o que é”.

Felipe Serrano alega ainda ter sofrido tortura durante os momentos de prisão. “Eu estava com os dedos fraturados e cheguei a implorar para que me algemassem com as mãos para frente. Além da pressão psicológica, me colocaram numa solitária jogado ao chão. Cego e com várias lesões no corpo, caí diversas vezes”. Para ele, foram horas de humilhação, até ser solto na noite do dia seguinte. O professor considera no mínimo constrangedor ter passado um dia inteiro detido com pessoas que cometeram assaltos, homicídios e outros crimes. “Nunca imaginei que passaria por algo assim”.

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